O Estado de S. Paulo

Hospitais alertam sobre série de golpes contra famílias de pacientes

Criminosos tiram vantagem de informações privilegiadas e estado emocional frágil de parentes para concretizar esquemas. Sindicato de empresas faz alerta contra crimes

RENATA OKUMURA

Efeito covid-19 Sindhosp já sinalizou em abril que pandemia influenciou na retomada da prática ilegal

Aproveitando da fragilidade emocional e do momento delicado, é cada vez mais comum criminosos se passarem por médicos ou funcionários de hospitais na tentativa de conseguirem dinheiro de familiares que têm algum parente internado. Recentemente, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp) alertou todos os hospitais privados sobre o conhecido golpe aplicado por estelionatários envolvendo pacientes internados.

“Golpistas têm adentrado o sistema informativo de estabelecimentos de saúde e emitido cobranças às famílias com pacientes internados sobre a necessidade de cirurgias ou compra de medicamentos”, afirmou o Sindhosp.

“Foram emitidos vários comunicados aos estabelecimentos de saúde, sugerindo que todos os hospitais alertem os familiares dos pacientes no ato da internação para que não deem qualquer valor solicitado em nome do hospital. Solicitações financeiras que anônimos façam a familiares devem ser informadas à administração do hospital para a tomada de medidas policiais.”

No comunicado intitulado “Golpe na saúde é alerta para proteção de dados”, a entidade pede que, entre as ações, os hospitais revejam os processos de segurança interna para prevenir a invasão e o uso indevido de dados.

O presidente do Sindhosp, Francisco Balestrin, afirma que as informações pessoais ficam protegidas porque existem níveis de acesso diferentes a informações do paciente para a administração, a enfermagem, as equipes de suporte e os médicos. No entanto, vazamentos criminosos podem ocorrer.

Em abril, a entidade já havia sinalizado que a pandemia da covid-19 influenciou a retomada dessa prática ilegal antiga envolvendo o ecossistema da saúde. De forma ilícita, bandidos conseguem descobrir informações sobre o paciente, desde dados médicos até contato de familiares mais próximos que poderiam transferir valores para quitar procedimentos.

ALERTA.

Em depoimento ao Estadão, o filho de uma paciente que esteve internada no Hospital Santa Catarina, na Avenida Paulista, na Bela Vista, relata que recebeu uma ligação durante um momento delicado. “Disseram que era da enfermaria e queriam falar com algum parente”, disse ele, que preferiu não se identificar.

Imediatamente, ligou para o hospital e soube que ninguém de lá havia telefonado. “Ou seja, continua a ação de quadrilhas contra pacientes de hospitais. É um golpe antigo. Eles se aproveitam do estado emocional dos familiares em um momento muito delicado. O que me assusta é como sabem que minha mãe está lá e qual o número da minha casa”, ressaltou. No momento da internação, ele recebeu um folder com as informações de alerta sobre o golpe telefônico.

Em nota, o Hospital Santa Catarina – Paulista afirma que não faz ligações para o paciente ou familiares. “Como medida de segurança, no momento da internação, todos os pacientes recebem um informativo sobre possíveis golpes relacionados à instituição.”

INFLUENCER.

Nas redes, também há relatos recentes de familiares que receberam ligação de golpistas pedindo dinheiro referente a tratamento de paciente internado em hospital. Nesta quinta-feira, a influencer digital Bic Müller, que está com o pai na UTI, contou ter sido alvo de golpistas. Em resposta, vários usuários do Twitter relataram experiências. •

METRÓPOLE

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2022-08-13T07:00:00.0000000Z

2022-08-13T07:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/281831467513851

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