“Se você convidar a Defesa, está convidando o presidente da República, que é um desafeto da urna eletrônica.”

Aldo Rebelo

Ex-deputado e ex-ministro, candidato do PDT ao Senado

Depois de presidir a Câmara dos Deputados e ocupar vários ministérios na gestão Lula, Aldo Rebelo deixou o PCDOB e entrou no PDT, partido pelo qual vai disputar uma cadeira no Senado por São Paulo. Ao Estadão, ele adotou um tom crítico a Lula. Ex-ministro da Defesa, disse ser uma “comédia de erros” o papel das Forças Armadas na Justiça Eleitoral.

O sr. está no PDT de Ciro Gomes. Como avalia a narrativa dura que ele adotou contra Lula e o PT?

O Ciro tem uma crítica ao PT cuja origem está na eleição de 2018. Além disso, ele se propõe a ser uma alternativa ao PT. Isso exige que Ciro construa uma opinião muito crítica.

O sr. concorda?

Não na forma, mas em relação à economia eu concordo no conteúdo. No Brasil, você pode construir uma aliança vitoriosa entregando a economia à Faria Lima, as áreas sociais aos grupos identitários e a Amazônia às ONGS, mas isso torna o País ingovernável.

Lula está fazendo uma agenda para a Faria Lima?

O Lula de hoje é uma incógnita. Você não sabe exatamente o que virá do governo dele. Há evidentemente uma aproximação (do Lula) com esse setor das finanças e da Faria Lima. Isso é muito negativo. Temos de conviver com essa agenda, mas não podemos entregar a ponte de comando do navio a esse setor da economia.

Como ex-ministro da Defesa, o que achou da entrada dos militares no debate sobre urnas eletrônicas?

O primeiro grave erro foi o TSE convocar as Forças Armadas. Além de convocar ainda pediu um parecer. Por que colocou o Exército no meio do debate? Se você convidar o Ministério da Defesa, está convidando o presidente da República, que é um desafeto da urna eletrônica. Essa comédia de erros começa com o TSE e encontra um coadjuvante à altura, que é a Defesa.

Quais serão suas bandeiras se eleito para o Senado?

A agenda de São Paulo é a agenda do Brasil. O problema da desindustrialização é do Brasil, mas é de São Paulo. A reforma tributária diz respeito principalmente ao Estado que mais arrecada e paga impostos. •