O Estado de S. Paulo

Política do confronto só traz mais insegurança

IGNACIO CANO MEMBRO DO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DA VIOLÊNCIA DA UERJ

Chefia da PM Fala mostra que governo do Rio nunca aceitou verdadeiramente nem cumpriu a decisão do STF

Amegaoperação na Vila Cruzeiro é mais uma em um modelo já conhecido no Rio: a lógica da guerra e da incursão punitiva em “território inimigo”.

O governo afirma que foi uma ação planejada e com inteligência. Planejamento e inteligência deveriam servir para reduzir confrontos e tiroteio. Como é que a operação dita planejada leva a mais de 20 mortes?

É mais um passo nessa política bélica de segurança que se tem historicamente no Rio, que só cria insegurança para os moradores. A ação desta terça matou pelo menos uma moradora, que certamente não participou no crime. Mesmo se participasse, ela teria de ser presa e julgada – não exterminada.

A fala do chefe da PM que relaciona a migração de criminosos com a decisão do Supremo Tribunal Federal (que restringe operações policiais em favelas) só vem confirmar que o governo do Rio nunca aceitou verdadeiramente nem cumpriu a decisão do

STF. A polícia do Rio já disse que essa decisão a impedia de fazer o trabalho, eles foram sempre contrários e vão atribuir a ela qualquer resultado negativo.

É marcante que, em précampanha eleitoral, o governo decida fazer esse tipo de intervenção. Está apostando em um projeto de confronto.

Do ponto de vista político, esse governo, que busca reeleição, tem (uma proposta de) cidade segura, integrada, experiências mais semelhantes a UPPS (Unidades de Polícia Pacificadora, criadas pela gestão Sergio Cabral em 2008, que entraram em crise após 2013), que tenta reduzir os confrontos. Por outro lado, megaoperações com muitos confrontos e mortes. •

METRÓPOLE

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2022-05-25T07:00:00.0000000Z

2022-05-25T07:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/281848647221430

O Estado