CONFIRA DICAS DE LUGARES ONDE PASSEAR NA CIDADE DE SÃO PAULO NA PÁG. 9
Entretenimento Pós-pandemia Recém-inaugurado B32 tem fundo do palco transparente e Cine Marquise agora conta com cadeiras para ver filme deitado
GONÇALO JUNIOR
Quando a gente se senta em um dos 480 lugares da plateia do recém-inaugurado Teatro B32, no Itaim Bibi, é possível ver muito mais do que o palco. Dá para ver através dele. E não é no sentido figurado, não. Atrás do tablado, uma vidraça permite observar a praça, lá fora. A sensação é de que o fundo do palco está aberto.
Essa transparência incomum para os teatros, em que o que acontece lá dentro quase escorre para o mundo exterior, é uma das grandes sacadas do espaço que pretende ser um dos novos polos culturais da cidade. A localização é nobre, a esquina das Avenidas Brigadeiro Faria Lima e Presidente Juscelino Kubitschek, no Itaim.
O Teatro B32 é um dos espaços que merecem ser visitados neste momento de retomada das atividades sociais e de convívio com a cidade. Com a chancela do avanço da vacinação contra a covid-19, a cidade começa a sair da quarentena, também do ponto de vista cultural e artístico.
Além do teatro, o Estadão apresenta outros espaços, entre bares, restaurantes e cinemas. Todos têm um diferencial, algo fora da caixinha. Um exemplo? O Santana Bar, em Pinheiros, oferece drinks clássicos autorais do bartender Gabriel Santana com o conceito que ele chama de “gastronomia no copo”.
De volta ao teatro, é preciso inserir uma nota de rodapé. A integração dos espaços interior e exterior em um palco já havia sido experimentada pelo Teatro Oficina nos anos 1990. Lá também havia a proposta de aproximar a rua do espaço cênico. Alinhado aos tempos da pandemia, o B32 é um espaço híbrido, que se equilibra entre produções presenciais e lives. “É uma forma de ampliar o alcance do que está sendo visto”, explica a diretora artística Sandra Rodrigues.
As poltronas não são fixas e podem ser armazenadas no subsolo com o uso de uma tecnologia nova no Brasil. Com esse sistema, será possível transformar o teatro em uma casa de shows em sete minutos, segundo os administradores.
Nessa proposta de dualidade entre interior e exterior, a praça é o centro do complexo. Ali estão uma fonte, uma escultura em formato de baleia, que nas redes sociais ganhou o bem-humorado apelido de ‘Sardinhão’, e uma agenda de eventos públicos. A programação – dentro e fora – almeja ser eclética, mix de eventos artísticos e corporativos. Exposições de artes, recitais, grandes concertos, peças de teatro, espetáculos de dança e shows estão prometidos. Mas o espaço também tem seu porém. Não é possível receber grandes musicais por causa das limitações no tamanho do fosso da orquestra.
SAUDADE DO CINEMA. Dá para cravar: voltar ao cinema é uma das atividades que estão nos planos de muita gente. Mas ainda há receio. A Prefeitura de São Paulo só liberou a obrigatoriedade de distanciamento mínimo entre as pessoas nas salas de teatros e cinemas no dia 15 de outubro. Nesse contexto, antigos endereços que foram reformados também vão parecer novos. Desde outubro, São Paulo conta com um de seus cinemas mais tradicionais, o Cine Marquise, no Conjunto Nacional. Inaugurado em 1963, o número 2.073 da Avenida Paulista já passou por diversas administrações, dependendo de diferentes patrocinadores. O local encerrou suas atividades em fevereiro de 2020 como Cinearte, pouco antes do início da pandemia.
Desta vez, o cinema reabriu sob a administração do grupo Tonks, empresa de consultoria e produção de conteúdo para o mercado de cinema e entretenimento. As duas salas de exibição reabrem com o nome Globoplay, plataforma de streaming que se tornou uma das novas patrocinadoras, junto com a Sabesp e a Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae).
Após tantos meses de portas fechadas, a luta é para recuperar esse espaço. “A gente precisa fazer todo um trabalho para a população conhecer o Cine Marquise. É um processo de boca a boca, de divulgação semana após semana”, reconhece Marcelo J. Lima, CEO da Tonks.
Uma estratégia está funcionando. A primeira fileira, aquela mais próxima da tela e que, por isso, era sempre deixada de lado, ganhou poltronas espaçosas, que permitem aos espectadores assistirem aos filmes deitados. “Nas sessões menos cheias, elas são as primeiras compradas. Tem dado muito certo”, celebra Marcelo.
APERITIVO. Percival Maricato, presidente do conselho estadual da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), identifica um movimento de abertura de estabelecimentos, mas mostra cautela. “Esperávamos um ritmo maior”, afirma.
Alguns restaurantes antecipam a experiência já pelo nome. Como uma entrada. No Levels, como o nome em inglês entrega, o estabelecimento do Itaim é dividido em diferentes planos. No térreo, a sanduicheria gourmet; o segundo piso abriga o bar espanhol; e o último piso, mais escurinho, é um misto de izakaya e sushi bar.
O empresário Daniel Sahagoff, nome por trás de outras duas casas na região (Cantaloup e Loup), quer mais. Os planos para março abrangem uma área para o churrasco e um bar com DJ. Os investimentos já passam de R$ 3 milhões.
O movimento está dentro das expectativas, ainda abaixo de 100%, mas a surpresa veio da procura no almoço executivo – algumas empresas estão retomando o trabalho presencial em certos dias. O chef Daniel Bordon diz que o pedido mais comum no primeiro piso é o sanduíche de cupim (R$ 38).
Diferencial Bares e restaurantes têm ambientes inovadores e trazem novas propostas em cardápios e drinques
AMBIENTE COM PEGADA. Outros locais também se destacam pelo contraste de ambientes, mas com outra “pegada”. Localizado do outro lado do salão do sexagenário La Casserole, no Largo do Arouche, o Infini (lê-se “ân-fi-ní”) possui espelhos que cobrem as quatro paredes – inclusive o teto. Enquanto o primeiro anfitrião se baseia na tradição, o irmão mais novo aposta no ar futurista da alta coquetelaria. É uma viagem no tempo.
No balcão ou nas mesas do salão de 45 m², é possível tomar um Grapefruit Collins (R$ 39), que combina gim Tanqueray n.º Ten, bitter, suco da fruta, xarope e Club Soda. Os comes têm sotaque francês, com pitadas de brasilidade, como as carolinas recheadas com patê de foie gras, finalizadas com redução de melado e cachaça (R$ 32). •
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2021-11-26T08:00:00.0000000Z
2021-11-26T08:00:00.0000000Z
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