O Estado de S. Paulo

A convite do ‘Estadão’, Pederneiras, Peres e Tatit trocaram ideias

OS TRÊS CRIADORES Coreógrafo e músicos

Paulo Tatit – Naquele domingo, ficamos trocando mensagens e surgiu sua ideia.

Rodrigo Pederneiras – Foi um atrevimento interferir em um trabalho grande e potente como o de vocês. E me veio à cabeça a ideia de criar um trabalho diferente para todos nós. Cenas pequenas, com pouca gente – normalmente, nosso trabalho é maior. E, de repente, surgiu uma alameda completamente nova e florida para a gente trilhar, brincar.

Tatit – No dia seguinte, eu já estava reunindo nossos playbacks, a base instrumental.

Sandra Peres – Foi a minha pós-graduação no desapego, uma circunstância em que não temos controle de nada. Olhando a coreografia, vimos que ali tem outra música em que um dos instrumentos é o corpo, o pulso, a vibração.

Pederneiras – Foi uma interferência muito forte na música, saíram letras e melodias, entraram substituições de violão e piano. Como foi para vocês quando as letras e a voz foram suprimidas?

Sandra – Fiquei arrasada (risos), mas comecei a perceber a viagem em curso. Quando nos tiram a melodia e a voz, ficamos sem chão. Mas sempre acontecem coisas melhores do que imaginamos, mesmo que, num primeiro momento, pareça uma catástrofe.

Pederneiras – Na verdade, a música é o que proporciona tudo. Sem ela, não faço nada. •

Tatit – Nem sempre a canção que a gente faz está ligada à dança. Fiquei curioso para ver como certos detalhes criariam um novo discurso, uma outra apreciação. Os significados mudam porque não tem letra, fica tudo mais abstrato. Como você escolheu as peças e alinhou nessa ordem?

Pederneiras – Foi à medida que vocês mandavam as músicas (risos). Fui tentando montar e fazer as ligações coreograficamente. Não interferi em nenhum momento, por exemplo com a ideia ou a sugestão de fundir uma canção na outra. Acabava uma, começava outra.

Sandra – Trabalhamos com criação, com o imponderável. O resultado dessa nossa parceria expressa isso com profundidade. Fomos nos nutrindo, sem dar dica do que um outro deveria fazer. •

Tatit – Naquele domingo, eu estava bebendo um vinho. E você?

Pederneiras – Devia ser um vinho também! Eu já devia ter tomado algumas taças a mais para ter a cara de pau de propor o que eu propus. Só tenho a agradecer.

CULTURA & COMPORTAMENTO

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2021-10-26T07:00:00.0000000Z

2021-10-26T07:00:00.0000000Z

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