O Estado de S. Paulo

Reciclagem é a alternativa para reduzir a exploração

L.D.

Ainda que as minas ocupem extensas áreas e provoquem desmatamento, existem maneiras de reduzir o impacto ao ambiente que vão além das medidas de compensação exigidas pelos órgãos públicos atualmente. Uma delas é encontrar um modo de reutilizar os descartes. Em vários casos, é possível processar os rejeitos e aproveitá-los como areia ou cerâmica.

“O mundo consome mais areia do que qualquer outra coisa, e estamos gerando 10 bilhões de toneladas de rejeitos de mineração. A quantidade de areia que consumimos fica nessa faixa”, afirma Artem Golev, membro do grupo de ecologia industrial e economia circular da Universidade de Queensland. Transformar rejeitos em areia, porém, depende do material descartado. Nos melhores casos, é possível aproveitar 80%. Os rejeitos de cobre, porém, costumam ser mais difíceis de se trabalhar e, muitas vezes, não se consegue reutilizar nem 50%.

A Sigma Lithium, empresa que vai começar a produzir lítio no Brasil no ano que vem, quer trabalhar para dar um destino produtivo a seus materiais descartados. Segundo a co diretora executiva da empresa, Ana Cabral-gardner, a intenção é atrair empresas de cerâmica para o Vale do Jequitinhonha

– região onde o lítio será explorado – que possam reaproveitar os rejeitos como matéria-prima.

Assim como as minas do Chile, a da Sigma Lithium também ficará em uma região árida. Para contornar o problema de escassez de água e não prejudicar as comunidades locais, a companhia pretende usar água do Rio Jequitinhonha que chega à localidade carregada de esgoto. Será preciso tratá-la antes de utilizá-la. Após o uso, ela deverá ser totalmente reaproveitada na unidade. “Queremos tornar a empresa um estudo de caso, não estamos economizando no orçamento socioambiental”, diz a executiva.

REAPROVEITAMENTO. Apesar de os rejeitos de cobre apresentarem mais desafios para serem reaproveitados, o metal tem uma vantagem sobre o lítio: já há tecnologia para reciclá-lo, o que pode reduzir a necessidade de mineração. No Brasil, a Paranapanema, que atua na transformação do cobre e tem sede em Santo André (SP), tem aumentado a operação. No segundo trimestre deste ano, a empresa dobrou a reciclagem e 22% de todo o cobre utilizado era reaproveitado, segundo o presidente da companhia, Luiz Aguiar.

De acordo com o executivo, o cobre reciclado não é mais barato, mas dá agilidade às empresas. Quando a Paranapanema precisa importar o material do Chile para então transformá-lo em placas, o processo pode levar 60 dias. Se o trabalho for feito com sobras de cobre, ele é concluído em duas semanas.

A FUNDO | O CAMINHO PARA O CARBONO ZERO

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2021-10-26T07:00:00.0000000Z

2021-10-26T07:00:00.0000000Z

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