O Estado de S. Paulo

De badalados a dispensáveis, técnicos estrangeiros encaram a realidade

Dispensas de profissionais como Hernán Crespo e Miguel Ángel Ramírez, entre outros, mostra que treinador de futebol vive de resultado, não importa a nacionalidade

TONI ASSIS

Os técnicos estrangeiros ganharam espaço no futebol brasileiro, impulsionados pela passagem vitoriosa de Jorge Jesus pelo Flamengo em 2019. Mas, ainda que a euforia não tenha passado, há algo que os iguala aos brasileiros: a obrigação de obter bons resultados. Do contrário, têm o destino comum a todo treinador, a rua, o desemprego.

O argentino Hernán Crespo é o exemplo mais recente dessa realidade. No Paulistão, tirou o São Paulo de longa de fila de títulos, mas quando o time desandou ele foi dispensado. Os argentinos Ariel Holan, no Santos, e Diego Dabove, no Bahia; o espanhol Miguel Ángel Ramírez, no Internacional; e o português António Oliveira, no Athletico-pr, tiveram passagens ainda mais breves.

Nem os que obtêm bons resultados têm paz. Que o diga o português Abel Ferreira. Campeão da Libertadores passada e finalista da atual, ele vive sendo contestado por causa do desempenho do Palmeiras, para muitos aquém do que poderia, e deveria, apresentar.

No primeiro semestre, o Palmeiras teve a chance de levantar troféus em três oportunidades: Estadual, Recopa Sulamericana e Supercopa do Brasil. Falhou em todas. Outra decepção viria na Copa do Brasil: eliminação na terceira fase para o CRB em pleno Allianz Parque. Essa inconstância trouxe consequências. Um dos favoritos ao título do Brasileiro, o Palmeiras perdeu fôlego e está praticamente fora da briga.

Com isso, Abel trabalha sob alto grau de insatisfação – pichações recentes na sede social do clube são exemplo disso. O treinador busca nas arquibancadas um apoio para mudar o cenário. “Queremos mais e melhor da nossa equipe. Mas é isso que quero dos nossos torcedores. Que nos apoie o jogo todo. Essa torcida ganha jogos”, afirmou.

No São Paulo, Hernán Crespo,

logo ao chegar, pôs fim a um jejum que se mantinha desde 2005 ao ganhar o Campeonato Paulista. Exaltado pela diretoria, o argentino passou a sofrer com excesso de lesões no elenco. O cenário ficou mais tenso com as eliminações nas quartas da Libertadores para o Palmeiras e também na queda da Copa do Brasil.

Mas o que pesou para sua saída foi o Brasileirão. A primeira vitória veio apenas na décima rodada. A ameaça de degola passou a ser frequente. Resultado: o outrora exaltado Crespo perdeu o emprego.

No Santos, Ariel Holan chegou em fevereiro e pediu para sair após apenas 12 partidas, com quatro vitórias, três empates e cinco derrotas e aproveitamento de 41,6%. O time flertou com o rebaixamento no Paulistão. Ele ficou insatisfeito com a fragilidade do elenco, percebeu que não iria melhorar e decidiu ir embora.

No Inter, outra passagem meteórica, Miguel Ángel Ramírez, de 36 anos, chegou em março. Poucos depois, o espanhol perdeu o Gauchão para o maior rival. E o time foi eliminado da Copa do Brasil pelo Vitória. Fim da linha para Ramírez, demitido em junho.

Dabove cai após 6 jogos A passagem do argentino Diego Dabove pelo Bahia durou 45 dias com 1 vitória, 2 empates e 3 derrotas

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2021-10-26T07:00:00.0000000Z

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