O Estado de S. Paulo

Modelo causa dúvidas entre acadêmicos

/JK

A inauguração do Inteli nos arredores da Cidade Universitária da USP e a ocupação de dois prédios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas gera críticas por parte da comunidade acadêmica. Alunos e professores temem que a instituição, parte do projeto IPT Open Experience, cujo objetivo é fomentar parcerias com o setor privado, sinalize uma privatização do ensino superior a longo prazo e cobram mais investimentos nas instituições públicas existentes.

“O IPT sempre trabalhou com parceria público-privada, ele nasceu dessa forma para apoiar a indústria da construção civil no século XX, depois a indústria metalúrgica na era Vargas”, aponta Priscila Leal, pesquisadora do instituto e diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia (SINTPq). “Mas o que a gente vê com o Inteli e o IPT Open é um arrendamento do instituto. A gente perde assim a liberdade de servir à sociedade como um todo”, afirma.

Priscila teme que a instalação de empresas dentro do câmpus faça com que os centros de pesquisa não estejam mais a serviço da sociedade. “Por que abrir uma universidade particular em assuntos que têm aderência dentro da própria USP e por que explorar comercialmente esse nicho educacional para um grupo restrito da sociedade, que vai trabalhar para o mercado financeiro ou interesses dos próprios grupos?”, questiona. “Não é a faculdade, mas o modelo que é o problema.”

Em carta aberta, o Diretório Central dos Estudantes da USP e outras 40 entidades estudantis ligadas à universidade se posicionaram contra a instalação do Inteli no câmpus. “A nossa questão é por que não investem na USP, nas bolsas de mestrado, doutorado e pesquisa? Está cada vez mais difícil manter e prosperar esses cursos. Por que não olham para os cursos que já existem?”, questiona Larissa Alves, de 23 anos, estudante de Matemática e representante do Centro Acadêmico da Matemática, Estatística e Computação do Instituto de Matemática e Estatística. Das 240 vagas do novo instituto, de acordo com sua CEO, Maíra Habimorad, 90 serão para bolsistas.

Metrópole

pt-br

2021-09-26T07:00:00.0000000Z

2021-09-26T07:00:00.0000000Z

https://digital.estadao.com.br/article/281977495771342

O Estado