O Estado de S. Paulo

Desoneração da folha avança na Câmara

Comissão aprova proposta que prorroga até 2026 redução de encargos trabalhistas de 17 setores que mais empregam no País

Lauriberto Pompeu

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara aprovou ontem a prorrogação da desoneração da folha de pagamento. A medida está em vigor desde 2011 e beneficia 17 setores que mais empregam no País ao reduzir os encargos cobrados sobre os salários dos funcionários.

Pelas regras atuais, a validade da desoneração acabaria no fim de 2021. De autoria do deputado Efraim Filho (DEM-PB), o texto aprovado de forma simbólica na comissão prorroga os efeitos da desoneração para o fim de 2026. A proposta segue para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, depois, para o plenário da Câmara.

A desoneração beneficia as empresas porque reduz os encargos trabalhistas que são pagos por elas. A medida consiste em trocar os tributos sobre os salários dos empregados por uma alíquota sobre o faturamento. Hoje, essas empresas podem escolher: ou pagam 20% de contribuição previdenciária sobre os salários dos funcionários ou uma alíquota que vai de 1% a 4,5% sobre o faturamento bruto. Juntos, os setores de construção civil, calçados, tecidos, transporte rodoviário, proteína animal e comunicações empregam mais de 6 milhões de trabalhadores.

A presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra), Viven Suruagy, defendeu a manutenção do benefício. “A medida é decisiva para planejarmos e definirmos investimentos e capacitação de recursos humanos. Caso não seja mantida, haverá aumento médio de 7,5% no custo e risco de quebra de empresas”, declarou.

Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), comemorou o avanço da medida na Câmara. “Não há um programa social mais relevante do que o emprego, e isso o setor têxtil e confecção é extremamente capaz de fazê-lo em todo o território nacional, pois está distribuído em todas as unidades da federação”, disse.

Relator do projeto, o deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-rs) tenta votar um requerimento para que a proposta não passe pela CCJ e vá direto ao plenário. Ele não descarta mudanças, que podem acontecer por meio de emendas na votação do plenário da Câmara. Uma das soluções que podem ser construídas com o governo é a diminuição do prazo da prorrogação para 2023, em vez de 2026. “Vamos votar como está. A construção está sendo feita, mas vai ser uma longa caminhada”, disse Jerônimo ao Estadão.

A equipe econômica do governo federal teme o impacto que a medida pode ter nas contas públicas, pois significa redução da arrecadação federal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem feito diversas reuniões com Jerônimo para chegar a um acordo, mas não houve perspectiva de entendimento.

Economia

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2021-09-16T07:00:00.0000000Z

2021-09-16T07:00:00.0000000Z

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