O Estado de S. Paulo

Ministro prevê reajuste de 50% para o Bolsa Família

João Roma, da Cidadania, afirma que medida provisória com o novo valor do benefício deve ser enviada ao Congresso no início de agosto

Lorenna Rodrigues

O ministro da Cidadania, João Roma, disse ontem que o governo deve apresentar até o início de agosto uma medida provisória (MP) reformulando programas sociais e que o benefício médio do novo Bolsa Família deve subir 50% ou mais. Segundo ele, o programa terá o “maior valor possível”.

Hoje, o Bolsa Família paga, em média, cerca de R$ 190 por família. Com 50% de reajuste, esse valor chegaria a R$ 285. “O valor médio do programa será tratado com a área econômica mais à frente. O presidente (Jair Bolsonaro) falou em reajuste de 50% (em relação ao Bolsa Família). Pretendemos isso ou até mais”, afirmou Roma, depois de se reunir com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em meio à contínua queda de sua popularidade, Bolsonaro passou a prometer publicamente um benefício de R$ 300 para o Bolsa Família em 2022, ano em que deve disputar a reeleição. Como mostrou o Estadão no mês passado, o valor pegou de surpresa os técnicos do Ministério da Economia, que trabalhavam com uma reformulação do benefício médio dos atuais R$ 190 para R$ 250. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-rj), filho do presidente, chegou a falar num meio-termo, em R$ 270.

De acordo com o ministro da Cidadania, a ideia do governo é lançar, em novembro, um novo programa de transferência de renda reunindo ações já existentes, como o Bolsa Família e o programa de aquisição de alimentos, e ampliar o número de atendidos para 17 milhões. Atualmente, o programa beneficia 14,5 milhões de brasileiros.

Segundo Roma, o novo programa incluirá ainda ferramentas de capacitação e microcrédito. Como antecipou o Estadão, de acordo com minuta da MP, o governo quer permitir que até 30% do valor do benefício possa ser descontado na fonte para abater empréstimos consignados.

Guedes disse que os cálculos apresentados pelo ministro Roma para a criação de um novo programa social são “extremamente responsáveis” do ponto de vista fiscal. “Os programas sociais estão sendo feitos dentro da responsabilidade fiscal, com respeito ao teto”, afirmou.

O governo deve “carimbar” a arrecadação extra com a taxação dos dividendos distribuídos pelas empresas a seus acionistas, prevista na proposta de reforma do Imposto de Renda, para garantir uma fonte de receita perene para a expansão do Bolsa Família.

Por isso, Guedes não abre mão da alíquota de 20% que, com o fim da dedução dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), deve aumentar a arrecadação federal em R$ 19,4 bilhões em 2022, R$ 57,7 bilhões em 2023 e R$ 61 bilhões em 2024 – de acordo com cálculos da Receita Federal.

Economia

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2021-07-29T07:00:00.0000000Z

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