O Estado de S. Paulo

Londres retira quarentena obrigatória para viajantes de EUA e UE vacinados

Com a medida, governo britânico busca atrair turistas a Inglaterra e Escócia após meses de restrições; redução no número de casos chama atenção e as pessoas perguntam se poderia ser a primeira evidência de que a pandemia no Reino Unido está chegando ao fi

/ AP e WP

Viajantes totalmente vacinados dos Estados Unidos e da União Europeia terão permissão para entrar na Inglaterra e na Escócia sem quarentena na chegada a partir de segunda-feira, informaram ontem as autoridades britânicas, que buscam atrair turistas após meses de restrições.

“Estamos ajudando a reunir as pessoas que vivem nos EUA e em países europeus com suas famílias e amigos no Reino Unido”, escreveu o secretário de Transportes, Grant Shapps, no Twitter.

De acordo com o governo britânico, viajantes que tiverem sido completamente imunizados com vacinas aprovadas pelo FDA americano ou pela Agência de Medicamentos Europeia podem optar por fazer um teste de covid-19 antes ou depois da chegada, em vez do isolamento. A única exceção é a França, que os britânicos apontaram como uma área de risco pela presença da variante Beta.

Os novos casos de covid-19 têm diminuído no Reino Unido ultimamente, uma mudança que confunde os cientistas, muitos dos quais previram um poderoso aumento de casos depois que o governo relaxou quase todas as restrições na Inglaterra na semana passada.

De acordo com as regras atuais, uma pessoa que foi vacinada no Reino Unido não precisa se isolar ao retornar da maioria dos países da chamada “lista âmbar”, mas essa isenção não se aplica àqueles que foram vacinados fora do país.

O primeiro-ministro Boris Johnson disse ontem que queria que os viajantes americanos viessem à Inglaterra “livremente”, após as operadoras de companhias aéreas e aeroportuárias pedirem às autoridades que suspendessem as restrições, na esperança de reabrir as viagens.

A maioria dos países europeus está aberta aos turistas americanos depois que a União Europeia recomendou o levantamento da proibição de viagens não essenciais no mês passado. Ainda assim, europeus ainda estão, em sua maioria, proibidos de viajar para os Estados Unidos, a menos que sejam cidadãos americanos.

Poucos especialistas estão dispostos a tirar conclusões definitivas sobre a tendência de queda nos casos no Reino Unido, que pode refletir fatores transitórios como as férias nas escolas ou menos pessoas fazendo o teste do vírus.

Mas se a tendência for mantida, os números dos casos levantam uma perspectiva tentadora de que o primeiro-ministro pode ter apostado corretamente que o país poderia resistir a um retorno à normalidade, mesmo com a variante Delta, detectada pela primeira vez na Índia, circulando amplamente na população. Após o levantamento das restrições, os pubs estão servindo cerveja como nunca, multidões lotam as praias e casas noturnas reabriram com jovens sem máscara lotando as pistas de dança.

A trajetória do vírus no Reino Unido é algo que o mundo está observando de perto e ansiosamente. As pessoas estão perguntando se esta poderia ser a primeira evidência no mundo real de que a pandemia no Reino Unido está começando a dar sinais de seu fim – após três lockdowns e quase 130 mil mortes.

Os cientistas têm teorias a respeito da queda do número de casos. Talvez seja o sol? Houve uma onda de calor de uma semana. As escolas estão fechadas por causa das férias de verão, então as crianças não estão espalhando tanto o vírus. Também é possível que as pessoas tenham parado de fazer o teste para detecção de covid-19 – porque se o resultado for positivo, até as que estão totalmente imunizadas são solicitadas a fazer quarentena por dez dias.

Ou talvez o Reino Unido tenha alcançado o limiar para imunidade de rebanho. Mais de 70% dos adultos estão totalmente imunizados e 88% receberam a primeira dose, uma das melhores situações no mundo. Entre os que não foram vacinados, muitos tiveram covid-19 ou foram assintomáticos, contribuindo para a imunidade natural.

Neil Ferguson, epidemiologista do Imperial College London, cujos modelos têm determinado a política governamental no Reino Unido e nos Estados Unidos, disse que agora parece possível que a pandemia possa estar ficando para trás.

Mas ele alertou que os efeitos da suspensão das restrições no início deste mês ainda não foram vistos. Ferguson também disse que pode haver um aumento vertiginoso se o clima ficar ruim ou quando as aulas recomeçarem em setembro.

“Não estamos completamente fora de perigo. Mas a situação mudou. O efeito das vacinas tem sido enorme na redução do risco de hospitalizações e mortes.” Ferguson acrescentou: “Ainda teremos casos de covid-19 entre nós, ainda teremos pessoas morrendo de covid-19.. Mas teremos deixado a maior parte da pandemia para trás.”

• Expectativa “Não estamos completamente fora de perigo. Mas a situação mudou. Ainda teremos casos de covid-19 entre nós, ainda teremos pessoas morrendo de covid-19. Mas teremos deixado a maior parte da pandemia para trás” Neil Ferguson EPIDEMIOLOGISTA

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2021-07-29T07:00:00.0000000Z

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