O Estado de S. Paulo

‘Não posso fazer esse impeachment sozinho’, afirma Lira

Pressionado, presidente da Câmara diz que o momento atual é de ‘pôr água na fervura’, e não ‘querosene’

Anne Warth

Pressionado a abrir um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al), disse que esta é uma “decisão política”, que não depende apenas dele.

“Neste momento, temos que trabalhar mais para pôr água na fervura do que para botar querosene”, afirmou Lira.

O presidente da Câmara voltou a dizer que não vê “materialidade” nos mais de 100 pedidos protocolados na Casa, nem ambiente político para a abertura de um processo de impedimento de Bolsonaro. Ao ser questionado por que, neste caso, simplesmente não indefere os pedidos, Lira respondeu: “Esta é uma decisão política”.

“Não posso fazer esse impeachment sozinho. Erra quem pensa que a responsabilidade é só minha. Ela é uma somatória de características que não se configuram, algo que é dito por mim, pelo presidente (do DEM) ACM Neto, pelo ministro (do Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, para citar alguns”, insistiu o presidente da Câmara.

Apesar de afirmar que não pode fazer um impeachment sozinho, a decisão de dar andamento ao processo cabe exclusivamente ao presidente da Câmara.

Lira contou que fala diariamente por telefone com o presidente do Supremo, Luiz Fux. O ministro conversou com Bolsonaro anteontem e pediu a ele que respeitasse os “limites da Constituição”. Fux sugeriu a reunião entre os Poderes que será realizada hoje. Nos últimos dias, Bolsonaro ameaçou impedir as eleições de 2022, caso não seja implantado o voto impresso. Após a reunião com Fux, adotou tom mais moderado.

Miranda na PF. O deputado Luís Miranda (DEM-DF) vai prestar depoimento à Polícia Federal na próxima terça-feira, às 15 horas, no inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de prevaricação por não ter comunicado aos órgãos de investigação indícios de corrupção nas negociações para compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.

O deputado e seu irmão, o servidor público Luís Ricardo Fernandes Miranda, afirmam que o presidente ignorou alertas a respeito de suspeitas de corrupção no processo de aquisição do imunizante do laboratório Bharat Biotech.

O gabinete de Miranda não recebeu a intimação da PF, sob o argumento de que ele não se encontrava. “A intimação é para mim e não para os servidores do gabinete. Estou em São Paulo, mas, assim que tomei conhecimento, liguei para o delegado e agendamos”, disse.

Política

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2021-07-14T07:00:00.0000000Z

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