O Estado de S. Paulo

Novo modelo de geração reduz riscos e atrai empresas

No caminho para se tornarem autoprodutores, grupos como Braskem e Vulcabrás têm feito parcerias com companhias do setor de energia

Renée Pereira Cleide Silva

Um ponto que tem atraído as empresas para se tornarem autoprodutoras é a introdução de modelos diferenciados de geração de energia. Antes, a empresa construía sua própria usina e arcava com todos os riscos, além de entrar num segmento que não é o seu principal negócio. Agora, há opções que podem reduzir esses riscos, a partir de acordos com grupos do setor de energia.

Responsável pelo desenvolvimento de um terço dos projetos eólicos em operação e em construção no País, a Casa dos Ventos é um desses grupos que atuam no setor. A empresa interessada firma contrato para a geração de determinada capacidade de energia. A Casa faz o projeto e, quando estiver pronto, a contratante tem opção de se tornar acionista do empreendimento. Assim, pode virar autoprodutora, em vez de apenas comprar a energia daquele complexo.

Nesse formato, a Casa dos Ventos já fechou contratos com Vulcabrás, Vale, Tivit, Anglo American e Braskem para serem coprodutoras de 504 MW do complexo Rio do Vento, no Rio Grande do Norte. No caso da Braskem, o diretor de Energia, Gustavo Checcucci, afirma que o objetivo é alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050 e reduzir 15% das emissões de gases de efeito estufa até 2030.

Hoje, a empresa produz 25% da energia consumida em suas unidades por meio de cogeração – processo que permite a produção de calor e energia ao mesmo tempo com um tipo de combustível. Portanto, é a primeira vez que investe em energia renovável. Além de parte da energia de Rio do Vento, ela tem contratos de outro parque eólico com a francesa EDF e uma planta solar com a multinacional Canadian. Nesses casos, a empresa será consumidora livre com contratos de longo prazo.

“Também estamos olhando iniciativas na área de biomassa com cana-de-açúcar e eucalipto”, diz Checcucci. Segundo ele, a Braskem tem projetos de eficiência para reduzir seu consumo e quer mais energia de fontes renováveis. “O ESG virou a chave de forma importante dentro das empresas. Por isso, buscamos parcerias para tirar alguns projetos do papel.”

O diretor Regulatório e Comercial da Casa dos Ventos, Fernando Elias, conta que a demanda pelos projetos em novos formatos cresceu tanto que a empresa decidiu ampliar o complexo Rio do Vento em mais 534 MW. Além disso, o parque eólico Babilônia Sul (360 MW), que começa a ser construído na Bahia em outubro, será inteiramente destinado a contratos com autoprodutores. “A expectativa é que essa capacidade seja dividida entre quatro ou cinco empresas.”

O executivo destaca que a tendência será fazer projetos híbridos, combinando parques eólicos e solares no mesmo espaço. Isso garante ainda mais competitividade aos projetos. Regulamentação sobre o tema foi colocada em consulta pública pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

E & N Economia & Negócios

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2021-07-05T07:00:00.0000000Z

2021-07-05T07:00:00.0000000Z

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