O Estado de S. Paulo

NA ‘PAUSA’, CENAS DOS BASTIDORES

/ E.S.S

Criada em 2008, a São Paulo Companhia de Dança, corpo artístico da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, se firmou no cenário das artes e se mantém como um grupo que vive em busca do diálogo entre gerações, como afirma sua diretora Inês Bogéa. Prova disso é a parceria que faz agora com a carioca Ana Botafogo, primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio. “Há um tempo, convidei Márcia Haydée para fazer sua primeira criação para uma companhia brasileira, e agora foi a vez de ter a Ana, que prepara sua primeira remontagem”, conta Inês, acrescentando que também chamou o coreógrafo Lars Van Cauwenbergh para fazer outra remontagem – no caso, Giselle. “Eu acredito que esse encontro de gerações seja muito importante para a transmissão da essência dessas obras que encantam o mundo há longo tempo”, diz.

A coreografia escolhida para Ana Botafogo é a Les Sylphides (Chopiniana), criação do russo Michel Fokine, em 1909, com músicas de Chopin, e que a brasileira teve a oportunidade de encenar algumas vezes. “Ana tem, em seu corpo, uma série de informações e conhecimentos como bailarina, que agora vai ajudá-la a remontar essa obra a partir da sua visão”, avalia Inês Bogéa. “Essa obra que estamos criando juntas tem essa essência do balé que foi criado por Fokine”, conta diretora, destacando que será uma forma de montar essa obra, que faz parte do repertório canônico e vem repercutindo no tempo, mas com olhar do século 21. “Ela tem figurino da Tânia Agra, que foi repensado para hoje, com as tecnologias atuais”, conta. E traz ainda, segue Inês, com a iluminação de André Boll e cenário de Fábio Namatame, um diferencial para o espetáculo.

Além das remontagens, a SPCD apresentará coreografias contemporâneas, que fecham cada noite. Assim, de 17 a 20 de junho, após Les Sylphides, o grupo encena a coreografia Só Tinha de Ser com Você, de Henrique Rodovalho; e, de 24 a 27, depois de Giselle – Ato II, vem Agora, de Cassi Abranches. Claro que, em momento de isolamento social, montar um espetáculo de dança exigiu o máximo de cuidado, o que foi seguido rigorosamente pelos envolvidos. Todos passam por testes constantes para covid, mantêm distanciamento, máscara em tempo integral, que só é retirada no momento da apresentação, sendo mantida nos ensaios, e o teatro seguirá os protocolos do Plano São Paulo – duração aproximada de 1 hora, sem intervalo, e ocupação limitada. Para o público de casa, a transmissão será pelo canal do Youtube da SPCD e na plataforma Culturaemcasa.

E ainda, como relata a diretora, esse foi um trabalho diferente de tudo que já fizeram e que exigiu a busca por alternativas, pois se trata de uma apresentação híbrida, com dois públicos diferentes, por causa da pandemia. Um dos desafios, como conta Inês Bogéa, foi o de reinventar o “intervalo”. Como ela explica, “pela primeira vez vamos transmitir ao vivo os bastidores”, que permitirá que todos acompanhem o “acontece quando acaba uma coreografia e a outra tem de ser iniciada”. Assim, o público não vai precisar sair de onde está e ainda vai poder ver algo que não é usual.

Na Quarentena

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2021-06-14T07:00:00.0000000Z

2021-06-14T07:00:00.0000000Z

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