O Estado de S. Paulo

XP se posiciona em eventual venda do Credit no Brasil

CYNTHIA DECLOEDT, WILIAN MIRON, FERNANDA GUIMARÃES E VINICIUS NEDER

Entre os vários sonhos que movem os negócios da XP e a levaram à posição dominante no universo das plataformas de investimento, tem mais um: ficar com a unidade brasileira do Credit Suisse. Com a percepção de que a instituição suíça poderá ter de vender ativos, após o rombo de mais de US$ 5 bilhões por causa do caso Archegos, a XP se posiciona para um eventual namoro diretamente com a matriz, ainda que muitos acreditem haver pouca razão para uma tacada dessas. A XP já tem licença bancária e uma estrutura de custódia em andamento. No entanto, o Credit, que está desde 1959 no Brasil, é uma das mais tradicionais gestoras de fortunas no País, nicho de mercado altamente cobiçado pelos concorrentes e dentro do qual a XP tem crescido.

» Saia justa. O Credit entrou no radar do mercado financeiro após sofrer dois grandes golpes financeiros por apostas erradas junto às gestoras Archegos Capital Management e a Greensill Capital. Os prejuízos abalaram o banco, colocando em xeque a sobrevivência de nomes de peso da diretoria da instituição e na mira de investigação da Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro da Suíça (FINMA).

» O caso. O Archegos, family office de Bill Hwang, investidor de Wall Street que operava alavancado, entrou em colapso no fim de março. O Credit seria, entre os bancos que emprestaram dinheiro ao fundo, o mais exposto. Dado os mais de US$ 5 bilhões de prejuízos com o Archegos, o Credit já tomou dinheiro emprestado, o que faz especialistas cravarem que o banco suíço perseguirá a vendas de alguns de seus ativos.

» Procurados... A XP não comentou e a unidade brasileira do Credit negou “categoricamente”, por meio de nota, “ter recebido qualquer abordagem a respeito de potencial aquisição da operação brasileira, e informa que não mantém conversas a respeito do assunto com grupo algum”.

» Alerta. Cinco das principais companhias abertas do País publicaram demonstrações financeiras de 2020 com alguma observação, por parte dos auditores, relacionada a casos de corrupção. A operadora de concessões de infraestrutura CCR foi a única que trouxe uma “ressalva” no documento. A Braskem, a concessionária Ecorodovias, o frigorífico JBS e a fabricante de medicamentos Hypera tiveram observações mais brandas em seus informes, conforme levantamento do especialista em governança corporativa Renato Chaves, ex-diretor da Previ.

» Parâmetro. Para Chaves, falta um padrão das auditorias independentes ao tratar de corrupção nas demonstrações financeiras. “Por que os auditores têm visão diferente sobre o mesmo tema?”, pergunta o especialista, após lembrar que os casos têm semelhanças entre si.

» Na rede. Após quatro anos desconectada do Sistema Interligado Nacional (SIN), a termoelétrica William Arjona deve voltar a gerar energia a partir de 1º de junho, agora sob a gestão da Delta Energia. A usina fica em Campo Grande (MS) e estava desativada desde 2017, a pedido da antiga proprietária, a Engie, que alegou perda da viabilidade econômica para o empreendimento.

» Religa aí. O pedido de autorização foi encaminhado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 28 de abril. Nele, constam as propostas para fornecimento de gás natural pela Petrobrás e de óleo diesel pela BR Distribuidora e pela Ipiranga. Esses contratos estariam ainda em fase final de negociação.

» Flex. A usina tem capacidade para contribuir com 190 megawatts para o SIN e ela será produtora independente de energia elétrica, em um momento de pouca chuva. O sistema pode operar tanto com gás natural, como com óleo combustível.

» Pequenos. A varejista de moda infantil Brandili está investindo R$ 10 milhões em transformação digital, nos passos de toda indústria de vestuário. A companhia catarinense tem quase 60 anos e está se modernizando com projetos em clould computing e parcerias estratégicas fora do Brasil. A Brandili está em 25 países e tem mais de 15 mil clientes.

» Também quero. Embora o setor de vestuário esteja em um momento de consolidação, a Bradili aposta na expansão orgânica. A partir de 2022, a intenção é partir para aquisições.

» Freio puxado. Apenas 17% dos executivos brasileiros acreditam que a receita de suas empresas retornará aos níveis pré-pandemia ainda em 2021. Diante do ritmo de vacinação, a confiança corporativa no País está muito abaixo da média no mundo. Globalmente, 46% dos executivos veem a recuperação ainda este ano.

» Só amanhã. Por aqui, a maioria (52%) acredita que o retorno só ocorrerá apenas a partir do ano que vem, segundo pesquisa da EY com 2,4 mil executivos de 52 países.

Economia

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2021-05-09T07:00:00.0000000Z

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