O Estado de S. Paulo

Bolsonaro chama CPI da Covid de ‘vexame’

Marlla Sabino /COLABOROU AMANDA PUPO

O presidente Jair Bolsonaro voltou ontem a criticar a CPI da Covid e se referiu ao colegiado do Congresso como um “vexame”. A apoiadores, ele mais uma vez defendeu o uso da cloroquina no tratamento contra o coronavírus e disse que irá fazer um vídeo com seus ministros revelando se tomaram ou não o medicamento, que não tem eficácia comprovada contra a doença.

“Continuo dizendo, só Deus me tira daquela cadeira. Não vai ser... essa CPI ‘tá’ um vexame, só se fala em cloroquina. Mas, o cara que é contra, não dá alternativa. Tenho certeza que alguém tomou hidroxicloroquina aqui. Alguém tomou?”, perguntou a um grupo de apoiadores que estava no Palácio da Alvorada. “A gente vai fazer um vídeo nesta semana, dos 22 ministros, todos aqueles que tomaram hidroxicloroquina vão falar ‘eu tomei’”, afirmou.

O medicamento, citado repetida vezes por Bolsonaro como solução para a doença, é usado contra malária, artrite reumatoide e lúpus, mas não há comprovação científica de que tenha efeito contra o novo coronavírus. O uso de remédios sem comprovação científica contra a covid-19 preocupa especialistas, que veem risco de reações adversas e até resistência bacteriana.

Em sua primeira semana de trabalho, os depoimentos prestados à CPI tiveram como foco o chamado “tratamento precoce”, defendido pelo presidente. Aos senadores, os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich relataram a pressão do chefe do Executivo para que o Ministério da Saúde defendesse o tratamento. Já o atual titular da pasta, Marcelo Queiroga, evitou se comprometer com a defesa pública que o presidente faz da cloroquina.

Anteontem, o presidente já havia se manifestado com críticas ao colegiado. Em publicação nas redes sociais dirigida a senadores da CPI, Bolsonaro afirmou que os “inquisidores” que criticam o uso de medicamentos “não encham o saco de quem optou por uma linha diferente”.

Responsabilidade.

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse ontem que a CPI precisa levar em conta como o governo de Jair Bolsonaro minimizou a pandemia e como a postura do presidente “fechou as portas” do Brasil para os produtores de vacinas. “Isso precisa ser investigado”, disse, em entrevista concedida ao programa Prerrogativas, transmitido pela Rede TVT. O senador destacou ainda que, se a CPI concluir que Bolsonaro contribuiu para o agravamento do “morticínio” no País, ele “será responsabilizado, sim”.

Política

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2021-05-09T07:00:00.0000000Z

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