O Estado de S. Paulo

Cidades acolhem morador de rua com pets em abrigo

Iniciativa estimula procura por espaço em Canoas (RS), com estrutura para receber os donos e seus animais; SP tem serviço desde 2017

RENATA OKUMURA

Durante a semana, Gilson Machado de Lima, de 37 anos, limpa vidro de carros em esquinas de Canoas, no Rio Grande do Sul. Aos fins de semana, cuida de veículos na rua. À noite, busca acolhimento para ele e seus animais de estimação, a cadelinha Lady e o cachorro Zoreia. “Somos muito bem recebidos. Acho legal esse atendimento que fazem para os animais, é muito bom”, afirma. “Sem eles, fica mais difícil de a gente vir, não tem como deixar eles para trás. São meus companheiros.”

A impossibilidade de levar animais de estimação costuma fazer com que muitos moradores em situação de rua não aceitem dormir em abrigos municipais, mesmo diante de noites frias de inverno. Para reverter essa situação, Canoas decidiu aceitá-los com seus pets.

“Percebemos que oferecer acolhimento somente aos moradores em situação de rua não estava sendo suficiente para atraí-los para o abrigo. Isso porque há preocupação extrema por parte deles em relação aos animais”, disse a secretária adjunta da Secretaria Especial de Bem-estar Animal (Sebea), Fabiane Borba.

Prestes a completar dois meses, a iniciativa batizada de Acolhida do Bem acumula cerca de 3.800 atendimentos. No local, todos são abrigados do frio, recebem alimentação e têm acesso a serviços assistenciais. A acolhida ocorre todos os dias no ginásio do Colégio São Paulo, cedido pela Fundação Lasalle para esta edição.

O abrigo tem capacidade para atender 150 pessoas diariamente. Além de terem acesso a duas refeições diárias, os usuários podem dormir e cuidar da higiene nos banheiros e nos vestiários. Também contam com uma equipe de apoio multidisciplinar composta por assistente social, psicólogo e educadores sociais.

Todos os dias, os portões do colégio são abertos às 18 horas. As pessoas passam por uma triagem e realizam o teste de covid-19, requisito para entrar no local. Depois, recebem roupas limpas, toalhas de banho e produtos para higiene pessoal. “No município, também há uma forte política pública em prol dos pets, focada no controle populacional dos animais domésticos e na guarda responsável. Por isso tudo, abrimos a Acolhida do Bem também para os pets, para que, juntamente com os humanos, tenham o acolhimento que merecem”, acrescenta Fabiane Borba.

Às terças e às quintas-feiras, segundo a Sebea, veterinários atendem no local. “Conversas com os tutores sobre a saúde dos bichinhos e cuidados necessários são realizadas. Vacinas polivalentes e vermífugos são aplicados”, informa a prefeitura.

Lady e Zoreia, de Lima, já são castrados. Mas os animais que ainda não passaram pelo procedimento são encaminhados para a intervenção. Até o momento, foram realizados 48 atendimentos. No ginásio, os pets têm água, ração e cama quentinha.

CAPITAL PAULISTA.

Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) oferece, desde 2017, essa oportunidade. São 121 vagas para pets em 11 centros de acolhida, incluindo dois serviços emergenciais no período da Operação Baixas Temperaturas (OBT), com 30 vagas. •

PARA FECHAR... / UMA BOA HISTÓRIA

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2022-08-22T07:00:00.0000000Z

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